ando pelos mesmos botequins de antigamente. se quer me ver
passa um dia naquele de esquina ali no centro. em frente ao posto. eu sempre me
escondo da sobriedade. lá eu entro com a sombra que bebe junto a mim e que
sempre deixa a conta para que eu pague. um intruso. uma sanguessuga. uma amiga
que vive de aba. alguns chamam ela de... Tereza. a maldita bebe caixas e caixas
de cerveja e se embriaga com qualquer líquido que queime a garganta. Palhinha,
Coquinho... qualquer inho para ela serve. é um puta porre. a minha ressaca
começa no primeiro gole. se olho para o copo e enxergo dois depois de alguns
minutos sentado na mesa. ela já está me acompanhando. sinto que vai dar merda.
que o dinheiro não vai dar e que no final da noite a vida vem a tona. vem para
lembrar que segunda-feira dá portada na cara. dá chute no saco e soco na barriga para o despertar às 4:45 da manhã. aí é quando eu acordo já vestindo Tereza.
ela é roupa de brechó. amarrotada, velha, desbotada, mas todos me dizem que
sempre cai bem. eu ando precisando comprar roupa nova, mas nunca sobra dinheiro
no fim do mês. Tereza bebe tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário